domingo, 27 de agosto de 2017

MENINA (projeto weda)

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De nada adiantaram conselhos, nem supostas boas intenções. O tempo avançava de segundos a anos luz, e, a pesada cruz que a criança tão pequena carregava, era a desculpa pra não chegar a lugar nenhum.
Andava em círculos, esperando alcançar o paraíso. Esperava!
Sandra May

Inspirado na musica "Carolina" - Chico Buarque

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sábado, 26 de agosto de 2017

ABRIL

Fundo de folhas de outono, Poema abril

O verão já é passado
Abril transcorre em paz
Coração pulsa suave, ritmado
No compasso de cores mornas.

"Anestésico?
Tanto faz."
Sandra May

Inspirado na musica "Give me Novacaine" - Green Days


sexta-feira, 25 de agosto de 2017

LAR

A mesa da cozinha era o centro das atenções, lugar da mais alta nobreza da casa. Um lar?
O fogão à lenha aquecia os invernos frios e os corações, e, na cozinha todos se reuniam; mais pelo calor do que por qualquer outra coisa...
Haviam mãos quase sagradas, rudes e amorosas. Mãos que religiosamente aos sábados, e, por mais de cinquenta anos amassaram o pão nosso de cada dia. Dois pães de forma, grandes! Alimentariam quatro crianças, duas mulheres adultas e uma velha senhora por sete dias, mais a quem chegasse pra visita. "Vamo entrando?"
A vida em si era um ritual. A confecção do pão caseiro, porém, o ponto alto da cerimônia.
Farinha, água  e fermento eram misturados e amassados pelas mãos cansadas, de dedos tortos pelo muito que trabalhavam.
Salpica farinha e amassa, amassa e sova, e salpica mais farinha e sova mais um pouco, até que como em passe de mágica a massa abre umas fendas que se expandiam vagarosamente. Pareciam pétalas se abrindo em flor! Tinha chegado ao ponto certo, o que  era segredo guardado a sete chaves.
A mulher então dava sossego a massa. Gravava com as mãos sobre ela uma cruz como que abençoando e deixava descansar por um bom tempo. Jamais respondeu ao " por que tem que fazer a cruz ?", desconversava...
Um gato que raramente dava as caras surgia do nada,  era quando as crianças se aproveitavam pra puxar-lhe o rabo. O gato disparava em  fuga fazendo jus ao nome de batismo: "Foguete".
As mãos quase sagradas matavam galinha pro almoço dominical e entre as crianças saía briga quando as galinhas cacarejavam, sinal que haviam posto ovos. É a minha vez, é a minha vez!!!
As mãos da mulher,  aquelas  mãos quase sagradas, alimentavam todos os animais do terreiro; os coelhos, os porcos, a cabra e o cachorro; único que escapava do sacrifício, em ocasiões especias; Natal, Páscoa e  domingos, ocasiões propícias à  degola.
Às vezes, raramente, Maria ia a missa. Tinha muito o que cuidar!
As mãos dela  trabalhavam incansavelmente e como autômatas, uma vez ou outra levantavam o avental que ela usava sempre, sempre, sempre, e, com a ponta enxugava uma lágrima no canto de um olho, depois do outro. Seriam lágrimas, seria a fumaça do fogão à lenha ou seria um cisco?  Não soluçava a mulher...
Quando Maria pegava um recém nascido ao colo, sorria. Só então, ela que nunca tivera filhos, sorria. Naqueles momentos  deixava transparecer um brilho novo no olhar. Felicidade? Ninguém soube dizer.
Morreu Maria, o fogão é â gaz e pão nosso, de padaria.
Sandra May

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ELE RESSUSCITOU



O que dizer do amor que morreu...
Ressuscitou, ele vive!
Sim, porque o amor também morre
Ressuscitando em novos nomes.
Sandra May

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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

LÁGRIMAS DE SANGUE

caverna, pré história

Nas cavernas úmidas e frias
Entre bisões, cavalos e alces
Ao encontrar uma flor ou um pássaro
Saiba, fui eu que desenhei

São meus primeiros registros
Que em meio a tristeza e aos  gritos
A natureza eu recriei

Lágrimas, carvão e sangue
Saliva, barro e suor
Foram os recursos que usei.
Sandra May

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segunda-feira, 21 de agosto de 2017

COMO VAI ESSE CORAÇÃO?




O primeiro passo
Não fui eu quem deu
O segundo
Foi o poema que escreveu
Pra mim.

Eu não disse não
Mas também não disse que sim
Você disse que não
Quando quis dizer amém
Meu coração desenganado
Ficou assim, assim..
Pulsa descompassado agora.

O tempo, amor, é traiçoeiro
Anda minando  e desbotando
Corroendo feito traça
A trama dos nossos lençóis
E o que ainda resta de nós.

Vida, minha vida
Minha vida querida
Por que é que tem que ser desse jeito?
São tantos contras
Pra tão poucos prós !
Sandra May

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domingo, 20 de agosto de 2017

LÍNGUAS DE FOGO






Rocha fendida sangrando larvas
Línguas de fogo lambem
E consomem todo o oxigênio
Gritos selvagens ecoam na noite
Até que cinzas sobrem
E um leve crepitar comemora!
Sandra May

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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

ATITUDE



Meus nervos não são de aço
Por isso quando você passa
Eu atravesso...
Sandra May

My nerves are not stell
So, when you pass
I cross...

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EQUÍVOCO












Mentiram
Quando sucessivamente repetiram
de geração em geração
que: "a alegria do palhaço
é ver o circo pegar fogo!"

Se equivocaram
quando afirmaram que Nero
fora um incendiário
talvez sim, talvez não...

O que ficou na história
foi que enquanto Roma ardia
Nero, com a sua lira
compunha uma canção!

Até que se prove o contrário,
fica o dito pelo não dito
Está encerrada a sessão.
Sandra May

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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

CANTO DO DESILUDIDO













I

Curió cantor
Que habita as verdes matas
Da América do Sul
Vem com seu canto lindo
Amenizar as dores da cidade

II 

Plantei uma árvore pra ti
Curió cantor
Um ipê amarelo
(Vai combinar com o teu dorso negro)
Pra que teus filhotes
Nele construam seus ninhos
Não acredito, mesmo assim eu finjo 
E desejo
Que haja no futuro
Muito mais passarinhos...
Sandra May

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FACE A FACE

Rapunzel fábula infantil

Paixão, esse entrelace
De mega hair em trançados nós
Nas tranças de Rapunzel
Somos eu e você, face a face
Somos nóis!
Sandra May/2016


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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

AS ROSAS DESPEDAÇADAS

Frances Brundage:
...E  por não aceitarem o despetalar
De suas já não tão formosas rosas
Foram vistos  cegos, errantes e inúteis
Cavalgando por áridos desertos
A procura de novas flores
Que nem flores eram, nem formosas
Plásticas, sem vida e sem perfume
São miragens, são tudo, só não são rosas
Por sua vez, as preteridas
Que já foram flores formosas
Por mãos descuidadas se tornaram
Rosas despedaçadas.
Sandra May


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CANTO DO DESILUDIDO II



O mundo
Surdo se ajoelha
Aos gestos enganadores do maligno
E morre feito ovelha!
Sandra May

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terça-feira, 15 de agosto de 2017

SEREIA



O vento cortava até gelo
O homem, de pé, vigiava
Dia e noite, noite e dia
Feito cão fiel

Ela por sua vez
Dura, gélida e fria
Maravilhosa e cruel
Observava infinitamente
Os mares do Atlântico Sul!

Passaram muitos anos...
O homem, o tempo levou
A sereia, o vento enferrujou.
Sandra May

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CANTO DO DESILUDIDO III

sonhos adormecidos
Desenho autoral

Já não teço o que tecia antes
Ficou pra traz a vontade de tecer

Fios e fiapos
Agarrados no tapete da sala
Agora são farpas
Lembram que algum dia teci vários sonhos
Nas mais variadas formas

As notícias violentam as pessoas
Viver já não é tão agradável
Como nos tempos em que eu sonhava


Crianças, jovens e adultos!
Se eu disser que sonho, to mentindo
Não minto bem...finjo que sonho
Apenas finjo!

Sandra May

Postagem original do blog, Letras Que Se Movem