terça-feira, 23 de agosto de 2016

METAMORFOSES




Tanto temi e no entanto estou serena
Aguardo com calma o momento de morrer

Uma vida inteira de medo
Que graça tem?
Uma vida semi-vida
Uma vida semi-morta
Uma vida mais pra torta
Mais pra porta
...entre aberta
Mais pra fechada.

Agora espero
Escancarada
E quando ela (a morte) chegar
Estarei de braços bem abertos, coragem não me falta!

Estou frente a frente com o sol
Sem perguntas obtenho as respostas
Apenas uma brilhante luz nos une
Infinitamente longa
Somos um
É o Todo Tudo
É o Tudo Todo
É certeza, escolha, é liberdade.

Deixo a escuridão solitária
Após percorrer no silêncio
Tantos cômodos da casa vazia
Foi bom encontrá-la desocupada
Sem fantasmas, às escuras.

Agora vou acender as luzes, vou ocupá-la
Aquele fio de luz é a mão que me guia
Sou então metamorfose
E a morte me transforma
Recomeço
Percorro novos caminhos, possuo asas
Estou voando!

Posso agora escolher novos móveis
Tapetes e cortinas
Objetos decorativos e quadros
E flores, muitas flores
Dentro e fora da casa.

Ela (a casa) é grande
Nela cabem muitas pessoas, amigos
Muitos sonhos e alegria
Animais de estimação e consciências lavadas
Lá tem um espaço reservado prá meditação diária
Onde encontrei inscrito:
"pra  renascer, é necessário morrer
todo dia, todo dia, todo dia."
Sandra May

Postagem original do blog Letras Que Se Movem
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