quarta-feira, 24 de agosto de 2016
DEPOIMENTO DA ROCHA
Imagem: Pixabay
Crua e incisiva
Tenho um espinho na carne
E um punhal cravado no peito
Noites de pouco sono e dias verdes
Feitos de reflexões costuradas
Passos cuidadosos e quase débeis
Captando o pulsar da terra
Como radares
Pão sobre a mesa / erva no chão
Estremece o interior da terra
E o inferno não podendo conter-me
Explode!
Arremessada entre lavas incandescentes
Escorro fogo
Sopram ventos
Desaguam tempestades torturantes
Sou Rocha.
Sobre mim edifiquem suas casas
Construam seus pilares
Me ponham por altares
Posso ser polida
Posso ser lascada
Fendida, escorrerei as muitas águas
Fonte, saciarei as muitas sedes
Triturada areia
Finíssimo pó, talco
Pedra, dura pedra
Pedra, lisa pedra
Viajante solitária do grande universo
Meteoro fui
Por encontro alucinante
Estrela cadente sou
Façam três pedidos
Quebrei vidraças
Parti corações
Venci gigantes
Golias jaz morto aos meus pés
No entanto não lhe deceparei a cabeça
Não exibirei troféu
Chega de sangue
Pedra, dura pedra
Pedra, lisa pedra
Faísco Cristal
Super aquecida
Me modelo Diamante
E comovo women corações
Pedra, dura pedra
Transformada e sempre pedra
Pedra no meio do caminho
Pedra que é o meu espinho
Pedra no nosso caminho
Pó de pedra, disfarçada
Em punhal e espinho
Seixo, entre as sombras descanso
No poço raso de um rio.
Sandra May
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Triste, Sandra, punhal e espinho, nada mais dilacerante...
ResponderExcluirFeliz e abençoado final de semana, abraços carinhosos
Maria Teresa
A você também, um abençoado fim de semana.
ExcluirAbraços fraternos.
Sandra